A Bíblia relata que Deus criou o mundo em seis dias.
A Bíblia relata que
Deus criou o mundo em seis dias. Todavia, diante das provas incontestáveis
atualmente existentes de que o nosso planeta tem bilhões de anos, algumas
religiões tentam explicar os “dias” da criação como grandes fases geológicas,
uma vez que a palavra hebraica “ion" é utilizada como “tempo”, assim como
até mesmo o nosso termo “dia” pode se referir a uma época. Entretanto, essa
explicação não passa pelo crivo de uma análise bem cuidadosa. Os dias da
criação segundo a Bíblia eram compostos de “tarde” e “manhã”, o que significa a
parte noturna e a diurna. É bem fácil anotar cronologicamente um período que
não chega a dois milênios entre a criação de Adão, no “sexto dia”, e a
ocorrência do chamado “dilúvio universal”, no sexto século da vida de Noé, o
suposto repovoador da Terra. O que se sabe histórica e cientificamente é que,
quatro ou cinco mil anos atrás, uma pessoa vivia muito menos do que hoje. A
narrativa bíblica é totalmente anticientífica, o que coloca em extrema
dificuldade os religiosos que reconhecem não poderem contestar os dados
científicos.
O primeiro capítulo do Gênesis informa, após cada etapa da
criação, “foi a tarde e a manhã, o dia...” , do primeiro ao sexto, quando se
afirma ter Deus criado o homem. Essa expressão tarde e manhã não se aplica a
nada que não seja a noite e o dia, descartando-se a hipótese de cada dia ser
uma longa fase pré-histórica.
Veja-se a cronologia seguinte:
Gênesis, 5: 3: “Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um
filho à sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete”.
Versículo 6: “ Sete viveu cento e cinco anos, e gerou a
Enos.”
Versículo 9: “Enos viveu noventa anos, e gerou a Quenã.”
Versículo 12: “Quenã viveu setenta anos, e gerou a
Maalalel.”
Versículo15: “Maalalel viveu sessenta e cinco anos, e gerou
a Jarede.”
Versículo 18: “Jarede viveu cento e sessenta e dois anos, e
gerou a Enoque.”
Versículo 21: Enoque viveu sessenta e cinco anos, e gerou a
Matusalém.”
Versículo 25: Matusalém viveu cento e oitenta e sete anos, e
gerou a Lameque.”
Versículos 28 e 29: Lameque viveu cento e oitenta e dois
anos, e gerou um filho, a quem chamou Noé...”
Versículo 32: “E era Noé da idade de quinhentos anos; e
gerou Noé a Sem, Cão e Jafé.”
Capítulo 6: 6: “Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando o
dilúvio veio sobre a terra.”
Por aí se vê o curto período ocorrido da criação do universo
ao dilúvio (130 + 105 + 90 + 70 + 65 + 162 + 65 + 187 + 182 + 600 = 1.566
anos), que dizem ter ocorrido há pouco mais de quatro mil anos.
Diante da inexplicável longevidade do povo antediluviano, um
vivendo quase um milênio, outro gerando o primeiro filho aos quinhentos anos de
idade (sabe-se historicamente que as pessoas do passado viviam muito menos do
que as de hoje), muitos defensores da veracidade e divindade da Bíblia afirmam
que os anos não eram contados como os de hoje, sendo períodos menores, talvez
equivalentes a um mês, paradoxalmente aos dias da criação.
Essa, contudo, é outra explicação inconsistente, segundo
afirmações bem claras do próprio texto bíblico. Leia-se o seguinte:
Gênesis, 7: 11: “No ano seiscentos da vida de Noé, no mês
segundo, aos dezessete dias do mês, romperam-se todas as fontes do grande
abismo, e as janelas do céu se abriram.” Isso é suficiente para se ver que os
meses deveriam ter aproximadamente trinta dias, pelo menos dezessete estão
mencionados.
Gênesis, 8: 5: “E as águas foram minguando até o décimo mês;
no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes.” Pelo
menos dez meses já foram mencionados. Não resta dúvida de que o escritor do
Gênesis falava de tempo contado em anos de doze meses de trinta dias, uma vez
que os cumes dos montes apareceram no primeiro dia do décimo mês e “No ano
seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, secaram-se as águas
de sobre a terra.” (versículo 13).
Gênesis, 8: 19 e 20: “As águas prevaleceram excessivamente
sobre a terra; e todos os altos montes que haviam debaixo do céu foram
cobertos. Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas; e assim foram
cobertos.” Naquele tempo se acreditava estar a terra flutuando dentro do mar e
teria a forma de um disco ou seria quadrada, conforme outras declarações, e o
mundo que aquele povo conhecia se limitava àquela região. Para eles era
possível uma inundação cobrir todos os montes da terra.
E, para fechar completamente da saída dos defensores
bíblicos, basta observar que o dilúvio teria começado no “décimo sétimo dia do
segundo mês” (Gênesis, 7: 11), e “ao fim de cento e cinqüenta dias as águas tinha
diminuído” (Gênesis, 8: 3), sendo o “décimo sétimo dia do sétimo mês” (Gênesis,
8: 4), exatos cinco meses de trinta dias.
Toda a narração da criação ao dilúvio nos mostra
simplesmente o pensamento de um povo de poucos conhecimentos, não o de
mensageiros de um ser onisciente. As afirmações que seguem por todo o livro do
Gênesis, bem como nos outros que o seguem, mostram o mesmo desconhecimento da
história, da geografia, da geologia, da cosmologia, etc. Se esses contos fossem
a verdadeira história contada por pessoas inspiradas por um ser todo-poderoso e
onisciente, não estariam tão fora da realidade universal. Ante tais
constatações, muitos religiosos já não encontram outro meio a não ser admitir
que os relatos bíblicos eram verdadeiramente humanos, espelhando o pensamento
da época. E assim, a maior base da fé se revela lenda aos olhos dos próprios
que crêem em um deus todo-poderoso, onipotente, onisciente, perfeito, justo,
bom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário